Nobuo Uematsu, um gigante da música nos games, não está exatamente empolgado com a inteligência artificial. Para quem não conhece, Uematsu é o mestre por trás das trilhas sonoras de clássicos como Final Fantasy e Chrono Trigger. Em uma conversa descontraída com a JASRAC Magazine, ele deixou claro que não tem intenção de usar IA em suas composições. Para ele, a música gerada por máquinas pode desvirtuar a essência única que somente a experiência humana pode trazer.
Uematsu destacou que a música feita por pessoas é cheia de nuances e imperfeições que a tornam especial. Essa “instabilidade”, segundo ele, é o que faz a música ser tão rica e satisfatória. “Cada músico tem sua própria maneira de se expressar, e é isso que dá vida às melodias”, afirmou. Para o compositor, a IA pode até ajudar em alguns aspectos, mas não consegue capturar a individualidade de cada artista.
Ele também apontou que, na indústria atual, há uma crise criativa em vez de uma tecnológica. Para Uematsu, a música atingiu um ponto de evolução significativo quando os músicos começaram a usar gravações de estúdio em seus jogos. “O áudio binaural, que já utilizamos em Final Fantasy X, foi um grande passo. Mas a verdadeira questão é: o que os jogadores vão querer no futuro?”, refletiu.
Aos 66 anos, Uematsu ainda se dedica a projetos com a Square Enix, onde trabalha na criação das trilhas dos novos capítulos de Final Fantasy. E, mesmo reconhecendo que a IA pode ser uma ferramenta útil para ajudar compositores a variar estilos, ele acredita que a verdadeira satisfação vem dos desafios e da jornada criativa. “A beleza da música está também na história por trás de quem a criou. E a IA não tem esse histórico”, finalizou, mostrando que a conexão humana é insubstituível.