Um movimento chamado No Games For Genocide está chamando jornalistas, desenvolvedores, streamers e consumidores a se unirem em um boicote ao Xbox, parte da Microsoft. O grupo critica a empresa por sua suposta colaboração com ações militares israelenses contra o povo palestino. Essa iniciativa surge mesmo após a Microsoft ter interrompido alguns serviços de nuvem que eram usados para vigilância em massa por uma unidade das Forças de Defesa de Israel.
Sara Khan, cofundadora da Game Assist e uma das organizadoras do movimento, comenta que a indústria dos games está profundamente conectada com questões de entretenimento e tecnologia, e que isso gera um impacto no conflito atual. Ela afirma que muitos na indústria querem se mobilizar para romper esses laços e buscar alternativas. “É hora de dizer ‘não queremos isso’ e agir coletivamente”, diz Khan.
### Propostas da campanha
O boicote não se resume a simples petições, mas propõe uma série de ações práticas. A campanha sugere que as pessoas evitem comprar produtos da Microsoft ou do Xbox, que streamers não transmitam jogos da plataforma e que jornalistas suspendam a cobertura dos títulos do Xbox. Além disso, desenvolvedores são incentivados a pressionar as editoras para não publicarem jogos em plataformas da Microsoft.
Khan admite que essas ações podem ser desafiadoras, especialmente em um cenário onde o mercado de trabalho na indústria de games está instável. No entanto, ela acredita que a força da coletividade é essencial para que as ações tenham impacto. O canal de investigação People Make Games e o estúdio Soft, Not Weak, já assinaram a campanha, mas a maioria dos apoiadores é composta por consumidores, que têm mais liberdade para se engajar imediatamente.
Sobre o recente cessar-fogo entre Israel e Palestina e a atualização da Microsoft em setembro de 2025, que confirmou a interrupção de serviços para uma unidade do Ministério da Defesa de Israel, Khan reafirma a posição do BDS. Segundo ela, “a Microsoft ainda é uma parte fundamental do regime de apartheid de Israel e do genocídio em Gaza”, afirmando que a empresa continua a fornecer tecnologia que é usada para cometer graves violações de direitos humanos.
A resposta da Microsoft foi de que leva a sério as alegações sobre sua tecnologia e que realiza uma revisão contínua, mas não se manifestou diretamente sobre o boicote ou o movimento BDS. Essa campanha do No Games For Genocide destaca uma crescente tensão entre a indústria dos jogos e questões éticas globais, mostrando como as decisões corporativas podem ressoar além do mercado de games.

