Eu entendo perfeitamente o motivo pelo qual a Xbox não tem investido muito em marketing para o jogo “Keeper” antes do seu lançamento. A Microsoft recebeu críticas por não destacar esse novo jogo da Double Fine, que é exclusivo para Xbox, mas, depois de jogar, percebo que existem algumas razões importantes por trás dessa decisão. Primeiro, “Keeper” não tem a mesma amplitude de um jogo como “Psychonauts 2”, então é melhor não criar expectativas muito altas. Segundo, falar demais sobre o jogo pode acabar estragando algumas surpresas que ele oferece. Isso torna a tarefa de fazer uma análise bem complicada, mas vou tentar explicar tudo sem dar spoilers!
Você assume o papel de um farol, ou melhor, da luz que fica no topo dele. Logo de cara, você faz amizade com um pássaro que decide seguir você e viver ao seu lado. A história gira em torno da relação entre você e esse pássaro, contada através dos ambientes que você explora e de pequenas cenas sem diálogos que deixam muito da narrativa em aberto para interpretação. O jogo, mesmo sendo bem tranquilo, consegue tocar nas emoções em certos momentos e me manteve engajado durante as suas cerca de 5 a 6 horas de duração.
### Jogabilidade e Experiência
Na parte da jogabilidade, você percorre locais deslumbrantes e resolve quebra-cabeças simples, mas muito bem elaborados. É necessário usar sua fonte de luz para interagir com o ambiente, ajudar as criaturas ao seu redor e muitas outras coisas. O pássaro também entra em cena, operando manivelas e puxando alavancas quando necessário. O clima do jogo é super casual e aconchegante, sempre incentivando você a seguir em frente. A equipe de design fez um trabalho incrível para eliminar qualquer frustração que poderia surgir com os quebra-cabeças. Você nunca recebe instruções diretas sobre onde ir ou o que fazer, mas a manipulação sutil da câmera ajuda você a encontrar o caminho, evitando que fique preso e irritado. Porém, devo dizer que a falta de dificuldade torna o jogo um pouco repetitivo em alguns momentos.
A primeira metade do jogo é boa, mas não me impressionou tanto em termos de jogabilidade; parecia que estava apenas passando pelas fases. Já a segunda metade oferece uma experiência bem diferente, com sequências visuais e jogáveis mais ambiciosas que eu não esperava. E, para ser sincero, o jogo melhora a cada passo que você dá. Fico preocupado que algumas pessoas desistam depois de uma ou duas horas e não cheguem a ver os melhores momentos, o que seria uma pena, já que muito esforço foi colocado aqui.
### Visual e Estilo
Falando em esforço, o jogo é realmente bonito! Os ambientes em “Keeper” são variados, indo de terras de doces a regiões de lava. A Double Fine sempre arrasa na criação de mundos únicos e psicodélicos que ficam na memória, e “Keeper” não é exceção. Algumas sequências visuais são tão impressionantes que valem a pena o preço do ingresso (ou do download no Xbox Game Pass), elevando o jogo de algo apenas “decente” a uma experiência realmente excelente em seus melhores momentos.
### Dicas Finais
Se você está pensando em jogar, recomendo que faça isso, mas saiba que é um título mais casual que tem pouco a ver com as grandes obras da Double Fine, como “Psychonauts 2” e “Brutal Legend”. Embora a Double Fine não possa mais ser considerada um estúdio “indie”, “Keeper” mantém muitas características desse estilo, lembrando-me até do jogo “Jusant”, que também tem uma história tranquila e uma jogabilidade divertida. A única dica que deixo é: se você estiver gostando, continue jogando pelo menos até a metade. Pode ser que a experiência melhore bastante!
Ah, e eu joguei a maior parte de “Keeper” no ROG Xbox Ally X! É uma delícia jogar esse tipo de jogo em modo portátil, perfeito para aqueles 20 minutinhos durante o almoço. Fiquei surpreso ao perceber que manter uma taxa de 60FPS no Ally X é praticamente impossível, mas no Xbox Series X a situação é semelhante, com a taxa de quadros oscilando entre 30FPS e 60FPS dependendo da situação. Porém, o Series X leva vantagem em termos de visuais, já que “Keeper” é um jogo lindo que merece a melhor qualidade gráfica possível.