Microsoft muda política interna e diminui foco em diversidade

A Microsoft está mudando a forma como lida com a diversidade dentro da empresa. Depois de mais de dez anos apresentando relatórios anuais detalhados sobre diversidade, equidade e inclusão, a companhia decidiu deixar de divulgar esses dados e também removeu a obrigatoriedade de avaliar esses critérios nas análises de desempenho dos funcionários. Essa mudança mostra que a Microsoft está adotando uma nova estratégia, mesmo que o discurso oficial tente minimizar o impacto.

Essa decisão vem em um momento delicado, influenciado pelo clima político nos Estados Unidos. Uma ordem executiva do ex-presidente Donald Trump buscou restringir iniciativas de diversidade nas empresas, criando um cenário de pressão e incerteza. Fontes internas indicam que, por conta disso ou de outras razões, a Microsoft não publicará seu relatório de diversidade este ano, encerrando um ciclo que começou em 2019.

Mudanças na Comunicação e Avaliação

Quando questionado sobre a mudança, o diretor de comunicações da Microsoft, Frank Shaw, afirmou que a empresa não está abandonando o tema, mas reformulando a maneira como se comunica. Em vez de relatórios, a ideia agora é compartilhar conteúdos mais dinâmicos, como vídeos e histórias de iniciativas práticas de inclusão. No entanto, essa mudança de formato não resolve a questão mais crítica: o fim dos relatórios públicos e a pressão interna por resultados concretos.

Internamente, as mudanças são bem visíveis. Recentemente, a Microsoft revisou seu sistema de avaliação de desempenho, o Connect, e removeu as perguntas obrigatórias sobre como os funcionários contribuíram para uma empresa mais diversa e inclusiva. O novo formulário é mais direto, focando apenas em resultados e métodos, deixando de lado qualquer menção à diversidade.

Outra alteração notada pelos colaboradores é a redução do uso da palavra “diversidade” nos materiais de Recursos Humanos. Antes frequente em treinamentos e documentos internos, o termo agora foi substituído por “inclusão”, acompanhado de mensagens mais genéricas sobre segurança e gestão de pessoas. Essa mudança dá a impressão de que a empresa está mais preocupada em manter um ambiente harmonioso do que em promover ativamente a pluralidade.

Reações dos Funcionários

Para alguns funcionários, essa mudança não é uma surpresa. Um colaborador que apoia as iniciativas de diversidade, mas preferiu não se identificar, comentou que as exigências anteriores nas avaliações já pareciam mais um gesto simbólico do que um compromisso real. Para ele, a remoção dessas perguntas, especialmente em um momento em que outras empresas estão recuando, confirma que o verdadeiro compromisso da Microsoft não era tão sólido quanto parecia.

Esse colaborador espera que a empresa um dia trate o assunto de forma mais profunda e sincera, em vez de se apoiar em métricas que soam bem no marketing, mas que não impactam a experiência diária dos funcionários. As mudanças na Microsoft indicam que a conversa sobre diversidade está passando por um redirecionamento significativo. Embora possa ser uma abordagem mais pragmática, ela também parece menos transparente e menos mensurável do que antes.