Começar a falar sobre a campanha de Black Ops 7 não é nada fácil. Se você jogou a última edição e curtiu o trabalho do Raven Software, pode se surpreender com o que vem por aí. A nova história parece um grande quebra-cabeça, mal costurado, e, para ser sincero, nem parece uma campanha de Call of Duty. Fiquei curioso? Vou tentar explicar tudo isso.
Diferente do cenário da Guerra do Golfo dos anos 90 que vimos em Black Ops 6, a nova edição nos transporta para um futuro próximo. Na verdade, é uma espécie de sequência direta de Black Ops 2, lançado em 2012. A ideia de um mundo futurista é interessante, mas a execução deixou a desejar. As missões se misturam tanto que você nem percebe em qual época está jogando. Por exemplo, mais da metade das missões acontece em ‘Avalon’, um mapa reutilizado de battle royale que deveria ter se conectado com o Warzone, mas acabou sendo deixado de lado.
Essas missões têm um design mais livre, mas, na prática, você acaba seguindo um objetivo principal, o que dá a impressão de que tudo é linear. E, para completar, todas têm uma aparência e sensação parecidas. As outras quatro missões são ambientadas em Angola, Japão, Estados Unidos e Rússia e têm um estilo de flashback bem interessante. Elas relembram momentos marcantes da série e trazem visuais mais variados, mas ainda assim, só são quatro em meio a tantas missões repetitivas.
Sobre a história que une tudo isso? Para ser honesto, não dá para entender muito bem. Reconheci alguns personagens de edições anteriores, mas não fazia ideia do porquê de estarem ali. As cenas de corte, que costumavam ser grandiosas, estão quase ausentes. No geral, a narrativa parece confusa, mesmo para quem já jogou todas as campanhas de Black Ops.
O grande problema aqui é que fica claro que não se trata de uma campanha típica de Call of Duty. A essência cinematográfica da série parece ter desaparecido, assim como o design de níveis bem elaborado. Você sente que a produção foi apressada, quase como um experimento de PvE que poderia ter sido mais bem conectado ao Warzone. Isso gerou expectativas que não foram atendidas.
Mas nem tudo está perdido. Um ponto positivo é que a jogabilidade está muito boa. As armas do futuro são satisfatórias e os inimigos condizem com o período. Derrubar robôs e drones é divertido, e a equipe da Treyarch realmente sabe como criar um gameplay envolvente. Além disso, eles trouxeram uma novidade: agora você pode alternar para o modo de terceira pessoa. Através do menu de pausa, é possível jogar com essa perspectiva, que pode ser bastante útil em situações de combate intenso. Eu até recomendaria jogar a campanha toda assim!
Por outro lado, a campanha tem seus problemas de balanceamento, especialmente para quem joga sozinho. A Treyarch decidiu remover os níveis de dificuldade, afirmando que o jogo se ajustaria ao número de jogadores. O problema é que, jogando sozinho, você se sente sobrecarregado por inimigos que parecem aguentar um mar de balas. A dificuldade aumenta, e essa sensação de “galeria de tiro” não é nada agradável. Embora o modo de terceira pessoa ajude, não melhora a experiência como um todo.
Outro ponto negativo é que você não pode jogar a campanha offline, nem mesmo pausar o jogo. Isso é frustrante, especialmente quando você precisa dar uma pausa durante uma sessão de jogo solo. O aplicativo do Call of Duty avisa que você não tem conteúdo offline jogável com apenas o Black Ops 7 instalado.
Então, se você costuma jogar Call of Duty pela campanha, talvez seja melhor pular essa edição. As minhas impressões da beta me deixaram esperançoso em relação ao modo multiplayer e aos Zumbis, que podem dar uma levantada no jogo. Mas, para muitos, a experiência solo é fundamental, e essa campanha não entrega o que se espera. A Treyarch tentou trazer um pouco de nostalgia com suas missões e uma performance memorável de Michael Rooker, mas o resultado não se conecta como deveria, especialmente após a excelente campanha de Black Ops 6 do ano passado.
Em resumo, Black Ops 7 tem uma jogabilidade sólida, uma nova perspectiva interessante, mas peca na narrativa e na estrutura da campanha. É uma pena, pois a expectativa era alta, mas fica a esperança de que a próxima edição possa nos surpreender novamente.

