A Square Enix anunciou recentemente uma nova rodada de demissões em suas operações no Ocidente, e a notícia não é nada fácil de digerir. O presidente da empresa, Takashi Kiryu, fez o anúncio durante uma videoconferência e revelou que a companhia está passando por uma “reforma estrutural internacional”. O objetivo é deixar sua atuação fora do Japão mais ágil e eficiente.
Essas demissões vão afetar quase todas as áreas nas filiais da Europa e América do Norte, incluindo setores como TI, marketing, controle de qualidade, planejamento, vendas e publicações. Para se ter uma ideia, cerca de 140 funcionários do escritório de Londres já foram informados de que seus empregos estão em risco. E não para por aí: os que continuarem na empresa terão que se adaptar a um novo modelo que exige mais trabalho presencial.
Cortes para economizar e reorganizar
O principal motivo por trás dessas mudanças é a meta de economizar até 3 bilhões de ienes por ano, o que equivale a aproximadamente US$ 19,6 milhões. A Square Enix quer reorganizar sua estrutura de publicação internacional e um plano mais detalhado sobre essa reestruturação deve ser apresentado internamente em breve. Essa é a segunda vez que a empresa realiza demissões em massa, sendo que a primeira ocorreu em 2023. Segundo Kiryu, o modelo anterior não trouxe os resultados esperados, o que forçou a empresa a adotar uma abordagem mais drástica agora.
Mudanças profundas na estrutura da empresa
Um relatório recente da Square Enix revelou que a empresa está passando por uma reestruturação global significativa. O foco é centralizar operações no Japão e investir na automação dos processos de desenvolvimento. A meta é automatizar até 70% das tarefas de controle de qualidade até 2027, utilizando inteligência artificial. Para isso, a empresa firmou uma parceria com o Laboratório Matsuo-Iwasawa da Universidade de Tóquio, onde mais de dez engenheiros e pesquisadores estão trabalhando para desenvolver algoritmos que ajudem nos testes de jogos.
Além disso, a Square Enix está fechando estúdios de desenvolvimento fora do Japão e transferindo algumas funções para o país para otimizar recursos. A reestruturação da área de publicação também é significativa: as 11 divisões atuais serão reduzidas para apenas 4, sob a liderança de um Chief Marketing Officer global.
IA em vez de humanos?
Outro ponto que gera preocupação é o uso crescente de inteligência artificial no controle de qualidade. A Square Enix planeja substituir grande parte do trabalho humano por IA nos próximos dois anos, o que levanta questões sobre a criatividade nos jogos. Especialistas do setor, como Motoi Okamoto, produtor da série Silent Hill, alertam que, embora a IA possa lidar com tarefas complexas, ela não substitui as decisões criativas que tornam um jogo especial.
A Square Enix, por sua vez, garante que a supervisão criativa continuará a ser feita por equipes especializadas, afirmando que a presença humana ainda será necessária em etapas críticas do desenvolvimento.
Mudanças estratégicas e novas direções
Essas demissões vêm logo após uma reorganização estratégica em maio de 2025, onde a Square Enix delineou um plano baseado em quatro pilares: otimização do desenvolvimento, fortalecimento do relacionamento com o público, equilíbrio entre retorno e investimento, e uma transição para uma estratégia multiplataforma. Essa última mudança é especialmente marcante, pois a empresa tem buscado reduzir exclusividades e ampliar o alcance de suas franquias, como a famosa série Final Fantasy.
A editora também cancelou projetos que não pareciam promissores e adotou a filosofia de “mudar de quantidade para qualidade”, focando em títulos que tragam maior impacto comercial e crítico.
As decisões da Square Enix mostram um reposicionamento ousado em busca de equilíbrio entre cortes de custos e inovação. A aposta na inteligência artificial para substituir processos humanos pode trazer eficiência, mas a grande questão é como manter a identidade criativa que fez a empresa se destacar ao longo dos anos. O que está em jogo agora é o futuro da produção de jogos tanto no Japão quanto no Ocidente.