Lançado em 2019, o primeiro The Outer Worlds não era um jogo ruim, mas muitos achavam que ele tinha um quê de déjà vu, como se estivéssemos jogando Fallout: New Vegas novamente. Era um RPG interessante, sim, mas parecia derivativo e faltava um pouco de criatividade. Seis anos depois, a Obsidian Entertainment volta à carga com The Outer Worlds 2, trazendo uma proposta mais ambiciosa. O novo jogo simplifica alguns elementos do anterior, mas ao mesmo tempo, entrega uma narrativa mais rica, habilidades repaginadas e cenários mais expansivos, aprofundando ainda mais os aspectos de interpretação de papéis, marca registrada do estúdio.
A experiência é envolvente e se adapta a diferentes estilos de jogo, além de contar com diálogos que são verdadeiras pérolas de humor e inteligência. Mas, como em toda relação, nem tudo são flores: alguns problemas técnicos e de desempenho ainda marcam presença, lembrando que a Obsidian não escapou das tradições mais complicadas.
### A Vingança é o Foco
Na introdução de The Outer Worlds 2, você assume o papel de um protagonista que trabalha para a Diretoria da Terra, a responsável por manter a ordem nas colônias. Sua primeira missão funciona como um tutorial, onde você precisa evitar que o Protetorado isole a colônia de Arcadia. Mas, como toda boa história, não demora muito para surgir uma traição que vai fazer seu personagem passar 10 anos em sono criogênico. Ao acordar, sua missão é buscar vingança enquanto navega por um universo repleto de facções e conflitos religiosos.
O jogo dá liberdade para que você escolha como seu personagem se comporta. Eu, por exemplo, optei por ser um agente da lei na maior parte do tempo, mas não hesitei em roubar uns itens interessantes aqui e ali ou fazer um acordo com criminosos se a recompensa valesse a pena. A narrativa se adapta às suas escolhas, e dependendo das suas ações, alguns companheiros podem até deixar o grupo ou se tornar inimigos. É interessante notar que, mesmo jogando uma única vez, você pode salvar o jogo e explorar diferentes opções de diálogo só para ver onde cada escolha pode levar.
### Um RPG com Estilo
Os diretores do jogo, Brandon Adler e Matthew Singh, comentaram que The Outer Worlds 2 foi feito para seguir a tradição de títulos como Fallout: New Vegas, levando em conta os diferentes estilos de jogo. E ao longo da minha experiência, ficou claro que esse objetivo foi alcançado. O desejo de recomeçar a aventura, escolhendo habilidades e alianças diferentes, é irresistível.
Se você já ouviu a expressão “simples de entender, mas complexo de dominar”, pode se lembrar dela ao jogar The Outer Worlds 2. O game traz algumas simplificações, como a eliminação dos pontos de status que muitos fãs de RPGs adoram. Agora, o foco está nas habilidades e vantagens, que tornam a interação com o universo do jogo mais acessível e, ao mesmo tempo, cheia de nuances.
Ao subir de nível, você escolhe entre 12 opções diferentes, como medicina, habilidades de persuasão ou manuseio de armas. Dependendo das suas decisões, o jogo libera vantagens específicas que ajudam tanto nas batalhas quanto nas conversas e explorações. Por exemplo, você pode desenvolver uma “língua suave” que facilita negociações ou optar por aumentar suas habilidades de combate, que podem até ricochetear balas em acertos críticos. Cada escolha traz uma sensação de vantagem, mas também um leve pesar por deixar outra habilidade de lado.
### Diálogos e Combates em Alta
The Outer Worlds 2 é um jogo onde a conversa é parte fundamental da jogabilidade. Os diálogos seguem o estilo clássico de RPGs ocidentais, onde você interage com personagens e é apresentado a uma lista de escolhas. O que se destaca é que não há “vitória automática” para quem investiu em habilidades específicas. Você pode ser super eloquente, mas usar isso da maneira errada pode fazer seu personagem parecer arrogante ou ofensivo.
Além disso, algumas opções de diálogo são condicionadas a informações que você descobriu durante o jogo, o que dá mais profundidade à experiência. Se você não tiver o conhecimento necessário, pode perder algumas possibilidades, mas isso também diminui a aleatoriedade que muitos jogos anteriores apresentavam.
Os combates também melhoraram bastante em relação ao primeiro jogo. Enquanto não chegam a competir com títulos de ação como Call of Duty, a jogabilidade é mais fluida e agradável, lembrando um pouco a franquia BioShock. Mas, como se trata de um RPG, a efetividade dos seus tiros ainda depende das suas habilidades e do equipamento que você tem. Portanto, é bom ficar de olho no inventário e sempre que possível, investir em melhorias.
### Os Desafios de The Outer Worlds 2
Embora a história, os diálogos e os personagens sejam bem construídos, The Outer Worlds 2 não é perfeito. Nos primeiros momentos, a trama pode parecer confusa, com várias facções e intrigas que dificultam a ambientação. O maior desafio, porém, vem da parte técnica. O jogo utiliza a conhecida Unreal Engine 5, e apesar de não apresentar travamentos extremos, a taxa de quadros por segundo (FPS) pode ser instável, especialmente em ambientes mais abertos.
Durante os testes, nosso sistema de alta performance não conseguiu garantir 60 FPS constantes, especialmente em áreas mais amplas. O consumo de recursos da GPU também era elevado, mesmo com configurações visuais ajustadas. Apesar de uma atualização ter melhorado um pouco a situação, o jogo ainda exige bastante do seu sistema. Para uma jogatina fluida, é importante ter uma máquina robusta.
### A Essência da Sequência
The Outer Worlds 2 entrega o que se espera de uma sequência: aproveita o universo e as facções criadas no primeiro jogo, refinando elementos e trazendo um combate mais divertido. Os novos companheiros e a possibilidade de moldar a aventura de acordo com suas escolhas são pontos altos.
Com uma duração média de 40 horas, o jogo te deixa com aquele gostinho de querer recomeçar e experimentar novos caminhos. É verdade que as questões técnicas não podem ser ignoradas, mas quem decidir mergulhar nessa aventura vai encontrar um RPG robusto que faz jus à boa reputação da Obsidian.

